16 12 PEN ConfiraResultado noticia 1Resultado da Reclassificação dos Candidatos ao Doutorado do Edital PEN, Aditivo 2022.

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09 01 PEN profsA CEO Andreia Roma, tem o prazer de convidar a Profª Inayá Lima para a Live ao vivo da Série Mulheres, transmitido no YouTube da Editora Leader.
É um bate papo de 20 minutos, onde será falado sobre o papel da mulher na sua área.

Data: 19/01/2023, às 18:30h

05 01 Notícia PENAlguns assuntos abordados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, neste terceiro mandato, merecem ser destacados. Começo com uma fala importante sobre precisarmos de livros, em vez de armas nas mãos dos cidadãos brasileiros, pois, são nos livros, por exemplo, que podemos começar a desmistificação do setor nuclear neste país, se quisermos ter um futuro como uma nação competitiva no que tange à ciência, tecnologia e inovação. É fundamental que a educação também se atenha a eliminar os preconceitos envolvidos nas palavras “radiação” e “nuclear” à luz de termos um futuro justo e diversificado das matrizes energéticas brasileiras.
O setor nuclear sozinho não é o caminho e muito menos a solução para os problemas energéticos, mas com toda certeza é a grande parcela que poderá contribuir para continuarmos com os avanços tecnológicos no campo da energia, da sustentabilidade ambiental e, sobretudo, da medicina. Quando se ouve as palavras “energia limpa”, o que vem à mente? A maioria pensa imediatamente em hidrelétricas, painéis solares ou turbinas eólicas, mas quantos pensam em energia nuclear? A energia nuclear é frequentemente deixada de fora da conversa sobre “energia limpa”, apesar de ser a segunda maior fonte de eletricidade de baixo carbono do mundo, atrás da energia hidrelétrica e, ter sido considerada pela União Europeia, em 2022, como energia verde.

A matriz energética brasileira deve ser diversificada, mas devemos aumentar o porcentual na nuclear. O “Nuclear Energy Institute” diz que os parques eólicos exigem 360 vezes mais área de terra para produzir a mesma quantidade de eletricidade e as usinas solares fotovoltaicas exigem 75 vezes mais espaço. Para colocar isso em perspectiva, é preciso de mais de 3 milhões de painéis solares para produzir a mesma quantidade de energia que um reator comercial típico ou mais de 430 turbinas eólicas (fator de capacidade não incluído). O combustível nuclear é extremamente denso em energia (uma pastilha de urânio com aproximadamente 2,54 centímetros de altura equivale a uma tonelada de carvão ou 120 galões de petróleo ou ainda quase 480 m3 de gás natural). Ou seja, cerca de um milhão de vezes maior do que outras fontes tradicionais de energia e, por isso, a quantidade de combustível nuclear usado não é tão grande quanto se imagina.

A educação nuclear e sua desmistificação devem acontecer desde cedo, através de profissionais competentes do setor, incentivando a reciclagem e as especializações dos professores de ciências de ensino básico. A mudança acontece com as crianças. Então, comecemos a ensinar corretamente que energia nuclear não é apenas bombas e acidentes. Acidentes estes que acontecem em uma escala muito pequena para as grandes repercussões dadas. Hoje, os atuais engenheiros nucleares formados no Brasil pela UFRJ, única faculdade que forma integralmente engenheiros nucleares, tem como docentes, em sua maioria, em especial por óbvio, na parte profissionalizante do curso de graduação, bacharéis em física. Sim em física. Isso porque a história Nuclear no Brasil se iniciou a partir da pós graduação do setor, na Era Vargas, diferentemente dos outros cursos de pós-graduação. Isto torna a área nuclear tão especial e estratégica, merecendo uma pasta exclusiva no novo Governo Federal. Não reconhecer o valor desses profissionais é negar nossa história e, muitos ou quase todos, optaram por serem também pesquisadores.

Todavia, não podemos esquecer outro ponto tocado no discurso de posse do presidente Lula: democracia para todos. Democracia para todos na educação de ensino superior é ter investimento para fortalecer os cientistas e, por conseguinte, reajustar as bolsas de mestrado, doutorado e de pesquisadores para que continuemos motivados dentro da Ciência. A mesma é dispendiosa e, por muitas vezes, temos que colocar dinheiro do próprio bolso para que uma pesquisa siga seu curso. Precisamos de mais incentivo com um leque inovador e abrangente no setor. Precisamos aumentar as cotas de bolsas da nossa pós-graduação pelos Órgãos de Fomento do Governo.

Precisamos de políticas públicas que façam com que o engenheiro nuclear queira continuar e estabelecer sua carreira no nosso país, ou pelo menos, que tenha incentivo para voltar à pátria após obter conhecimento e experiência no exterior. Isso não significa que os que aqui estão são rejeitos intelectuais. Não! Eles tocam esse país como engenheiros nucleares que são ou como mestres e doutores em engenharia nuclear que são, porém não estão devidamente valorizados. Precisamos entender que pesquisadores bolsistas, os alunos de mestrado e de doutorado, vivem exclusivamente do dinheiro dessas bolsas, sem poder ter empregos, o que os limita em demasia no desenrolar de suas vidas, pois precisam ser inseridos no mercado de trabalho. Temos que ter um plano de carreira factível com a demanda do setor, tanto privado quanto público.

Os físicos com mestrado e doutorado em engenharia nuclear também não podem ser esquecidos nos futuros concursos, cada vez mais escassos. Mais uma vez insisto nesse ponto, pois nossos engenheiros nucleares genuinamente brasileiros, ainda estão em fase inicial de experiência de campo. Temos que aumentar as vagas de estágios nas empresas do setor, e, sobretudo, uma cultura do “não medo” quando falamos de energia nuclear e de radiação. Um outro ponto a ser mencionado é o hidrogênio verde. Sabemos que a curto prazo o mundo exigirá milhões de toneladas de hidrogênio limpo. Contudo, o hidrogênio só pode contribuir plenamente para uma descarbonização profunda se for produzido a partir de fontes de energia com baixo teor de carbono e se houver geração suficiente de eletricidade de baixo carbono para produzi-lo.

A curto prazo, o hidrogênio pode ser produzido por meio de um processo chamado “eletrólise da água” que, como o próprio nome indica, requer insumos de água e eletricidade. O hidrogênio da eletrólise da água só é de baixo carbono se usar eletricidade do vento, energia solar fotovoltaica, energia hidrelétrica ou energia nuclear. A médio prazo, são esperadas inovações que também permitirão que o hidrogênio seja produzido de maneiras diferentes e mais eficientes, inclusive a partir de tecnologias nucleares avançadas, como pequenos reatores modulares (SMRs) de próxima geração.

Por fim, porém não menos importante, não posso esquecer do nosso teto de vidro, como relata reportagem da Folha de S. Paulo, oriunda de dados da Unesco, que provam haver uma barreira para o avanço de pesquisadoras no mercado de trabalho. Nós mulheres, somos apenas 3 de cada 10 ocupações na ciência, tecnologia, engenharia e matemática no Brasil, embora representemos 44% da força de trabalho. Sem falar que somos menos de 3% a ocuparem cargos de lideranças nas áreas de pesquisas em ciência e tecnologia no nosso país. Já temos um avanço quanto à licença maternidade para mestrandas e doutorandas com bolsas de fomento do Governo Brasileiro, porém nada se fala quanto as pesquisadoras de pós-doutorado, ficando todas à mercê das Instituições de Ensino Superior, que muitas vezes não tem nada regulamentado, como se estas mulheres não existissem. E, portanto, o Ministério da Mulher, da Família e da Cidadania é tão importante e fundamental, em especial na área nuclear, que é altamente subjugada.

Termino esse pequeno texto sem ser na voz passiva propositalmente, digo e repito: não há milagres, mas o olhar de hoje para obtermos um futuro sustentável, limpo e seguro sob a democracia para todos é um olhar baseado em políticas públicas profundas na área nuclear, com investimento na parcela feminina brasileira.

AUTORA - INAYÁ LIMA – Bacharel em Física pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado e doutorado em Engenharia Nuclear, coordenadora do Programa de Pós Graduação em Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ e vice- chefe do departamento de Engenharia Nuclear da Escola Politécnica da UFRJ.

Fonte: Tania Malheiros - Jornalista 
Créditos da foto: Ana Campbell

01 09 PEN O que o Brasil tem a ganhar em parceria nuclear com aEngenheiro nuclear consultado pela Sputnik Brasil enumera vantagens do possível acordo entre Brasil e Argentina e defende parcerias com "todos os países que dominam a tecnologia do ciclo do combustível nuclear".O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda uma parceria nuclear bilionáriacom a Argentina.

Durante o governo de transição, o grupo de trabalho de ciência e tecnologia deu os primeiros passos nesse sentido. Em reunião com a chefe do departamento de política da embaixada argentina, Cecilia Los Arcos, em dezembro do ano passado, a equipe de Lula discutiu o desenvolvimento conjunto de um reator nuclear.
Segundo o portal Metrópoles, duas possibilidades foram avaliadas durante o encontro. Uma seria o investimento direto do Brasil na tecnologia desenvolvida pela Argentina. Outra seria a construção de uma sociedade entre os dois países para o desenvolvimento do novo reator nuclear. Nos dois casos, o investimento brasileiro seria de aproximadamente R$ 1 bilhão.
Em um eventual acordo para desenvolvimento mútuo, o reator poderia ser produzido pela Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC).

Após um período de afastamento entre Brasil e Argentina no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as nações tendem a se reaproximar e a retomar pautas e projetos conjuntos com a chegada de Lula ao Palácio do Planalto.
Além da proximidade com o presidente argentino, Alberto Fernández, Lula sempre buscou, em seus outros dois mandatos (2003–2010), alianças com vizinhos do continente sul-americano, em linha com sua política de parceria com países do chamado Sul Global.
Como prova disso, já no fim deste mês, a primeira viagem internacional de seu terceiro mandato será justamente para a Argentina, com o objetivo de carimbar o retorno do Brasil à Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
A expectativa é que o presidente oficialize a medida em pronunciamento durante reunião do grupo, no dia 24, em Buenos Aires.
Em 2020, o governo Bolsonaro retirou o Brasil da CELAC, sob a alegação de que o grupo apoiava "regimes ditatoriais".
Em entrevista à Sputnik Brasil, o engenheiro nuclear Aquilino Senra, professor da Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e ex-presidente da Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB), disse considerar "bastante positiva" a eventual parceria do Brasil com a Argentina no setor nuclear.
Ele lembra que atualmente o Brasil já está desenvolvendo dois projetos de reatores nucleares, o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e o protótipo em terra de um reator nuclear para propulsão naval.
Do lado argentino, está em construção um reator nuclear de pequeno porte denominado Carem 25 (Central Argentina de Elementos Modulares). O modelo será o primeiro reator nuclear de potência totalmente projetado e construído na Argentina.
 

"Ou seja, os dois países já têm, no momento, boa experiência em projetos de reatores nucleares. Portanto a proposta do atual governo brasileiro de investir no desenvolvimento conjunto com a Argentina de um reator nuclear teria um resultado de ganho mútuo no campo da geração de eletricidade e de outras aplicações da energia nuclear", disse Senra.

 
De acordo com o especialista, a máquina brasileiro-argentina poderia ser um reator modular pequeno (SMR, na sigla em inglês).
O professor aponta que a iniciativa reforçaria a parceria entre as duas nações no setor nuclear. Segundo Senra, desde a redemocratização de Brasil e Argentina, os países iniciaram uma "etapa de convergência e integração nas relações bilaterais" que pode ser retomada a partir de agora.

Brasil deveria buscar mais parceiros no setor nuclear?

O Brasil está à espera da autorização da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para poder usar combustível nuclear em seu projeto do Submarino Convencional de Propulsão Nuclear (SCPN) Álvaro Alberto.
Criado a partir do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), a iniciativa multibilionária lançada em 2008 é considerada pela Marinha do Brasil o mais importante projeto tecnológico do Brasil na atualidade.
A medida do governo brasileiro segue movimento semelhante ao realizado, em 2021, por Austrália, Reino Unido e Estados Unidos, por meio do pacto trilateral AUKUS, que visa permitir a licença para que Camberra possa adquirir submarinos nucleares.
Submarinos movidos a energia nuclear podem permanecer submersos e no mar por muito mais tempo e representam um desafio de proliferação atômica particular, pois operam fora do alcance dos inspetores da AIEA.
O projeto brasileiro significará prestígio internacional, já que apenas os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) — Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido —, além da Índia, detêm a tecnologia. Essas seis nações também já fizeram suas bombas atômicas.
Para Aquilino Senra, o Brasil precisa buscar mais parcerias para o desenvolvimento conjunto da tecnologia nuclear em todo o ciclo do combustível, "não apenas para construção conjunta de reatores nucleares".
 

"O ciclo do combustível nuclear é o conjunto de etapas do processo industrial que transforma o mineral urânio, desde quando ele é encontrado em estado natural até sua utilização como combustível, dentro de uma usina nuclear", explica o especialista.

 
Ele lembra que o ciclo do combustível nuclear envolve diversas etapas, tais como: mineração do urânio; conversão do concentrado em hexafluoreto de urânio; enriquecimento isotópico do urânio; reconversão do hexafluoreto em dióxido de urânio; produção de pastilhas de urânio enriquecido; fabricação do combustível nuclear; e geração de energia elétrica nos reatores nucleares.
Por isso ele afirma que "todos os países que dominam a tecnologia do ciclo do combustível nuclear poderiam ser parceiros". Porém "muitos deles praticam o cerceamento tecnológico e não devem ter interesse algum nessas parcerias", lamenta.
Assim como em outras áreas de interesse global, a expansão dos investimentos do Brasil no setor nuclear dependerá das habilidades do governo em política externa e da sua capacidade de alavancar a economia nos próximos anos para projetar o país como importante ator no cenário mundial.
 
Créditos da foto: Casa Rosada/Divulgação

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